quinta-feira, 21 de novembro de 2013

FullMetal Alchemist: um caso de amor e ódio com a Focus Filmes.



FullMetal Alchemist, um dos casos mais revoltantes do home vídeo nacional, trata-se de um dos melhores animês já produzido nos últimos anos, chegou ao Brasil, assim como em outros países da América Latina através da Sony, que licenciou a produção para exibição no Animax, canal pago que tinha toda a sua programação composta por animês e que acredito eu, sem censura. FullMetal Alchemist teve exibição na tevê aberta pela Rede TV, que exibiu uma versão censurada, com edição de imagem, a fim de diminuir o que pudesse ser considerado violento pelo Ministério Público. O animê tornou-se popular no Brasil, tendo em pouco tempo o licenciamento feito pela Focus Filmes, empresa que atua na distribuição de produção intelectual para o mercado doméstico de vídeo, dvd´s e blurays, tendo seu lançamento realizado.

A Focus Filmes adotou um padrão interessante e aparentemente digno para o animê, uma vez que era possível perceber um cuidado, um zelo a mais, a primeira box foi confeccionada com um material de excelente qualidade, um papel duro, com ótima impressão, além de contar com uma arte lenticular, arte interna e brindes, como: pôster e cards 3D. O cuidado com o produto inicialmente foi além da apresentação física, pois o material áudio visual contido nos dvd´s corresponde ao formato, uma vez que os menus foram bem animados e autorados, a imagem dos episódios é excelente , presença de três faixas de áudio, japonês DD 5.1 (perfeita para Home Theater), japonês DD 2.0, português DD 2.0, além de contar com legendas em português, inglês e material extra de relevante importância, como: entrevista com o elenco da dublagem japonesa.

Este formato apesar de simples para a época e o mercado brasileiro de animês, qualificava o produto como edição especial de colecionador, infelizmente a partir da segunda box o produto não recebeu o mesmo tratamento, o material da caixa que acomoda os 03 discos não é o mesmo da primeira, sendo de qualidade inferior, assim como a impressão da arte, como não bastasse, o material áudio visual também foi afetado, visto que a distribuidora independente não incluiu a faixa de áudio original com 5.1 canais e as legendas em inglês (que inclusive, fazem falta sim!), despadronizando o formato adotado, as mudanças persistiram na terceira box, apesar de haver novamente mudança na qualidade do material utilizado para a confecção da caixa, que foi feita com um papel melhor do que a segunda box. 

No entanto, com o lançamento da terceira box, pouco tempo depois é anunciado por parte da distribuidora, Focus Filmes, o cancelamento dos dvd´s, 2007, tendo como argumento o baixo volume de vendas do produto, deixando os consumidores com suas coleções incompletas, com o sentimento de frustração, devido o vínculo afetivo com a produção e a raiva pelo investimento financeiro que apesar de pequeno, naquele momento, levando em consideração o custo com frete, girava em torno de 200,00 reais. O posicionamento da Focus Filmes ocasionou um descontentamento grande por parte dos fãs da série, que passaram a receber sempre com desconfiança todo e qualquer lançamento da mesma, manchando a imagem da distribuidora, de forma que sua credibilidade já não era mais a mesma, forçando a empresa no final de 2010 a disponibilizar no mercado a última e tão aguardada quarta caixa, contendo os episódios finais do animê.

Foi com o quarto box onde houveram as mudanças que mais afetaram negativamente o lançamento de FullMetal Alchemist em dvd no Brasil, o primeiro aspecto negativo e que de imediato causou impacto no público, foi a mudança visual das artes dos dvd´s, mudando todo o padrão das capas anteriores, fazendo com que os três últimos volumes não tenham nenhuma ligação gráfica com os noves lançados anteriormente, a mudança no trabalho gráfico foi justificada pela empresa, que alegou a necessidade de diminuição dos custos, de forma que não seria interessante usar as artes internacionais e sim, produzir capas brasileiras, diminuído o custo do licenciamento. Infelizmente, esta não foi a única mudança, os últimos volumes vieram com uma versão diferente da animação, visto que os dvd´s anteriores contavam com a versão sem cortes, sem censura e os referentes a quarta e última box, a versão censurada da tevê. 

Uma vez que foi usado como fonte de imagem as másters cedidas pela TELEVIX, uma distribuidora latina que atua fechando acordos de exibição com emissoras da América Latina, o que explica as edições feitas na versão censurada. Quando o produto chegou ao mercado, rapidamente surgiram na internet informações sobre os dvd´s serem censurados e o descontentamento do público que novamente se sentiu prejudicado pela Focus Filmes, a empresa deu como nota oficial em sites do gênero que desconhecia a mudança da versão dos episódios, pois não esperava retorno financeiro do título e que por isso não fez nenhum trabalho de revisão no produto final, na mesma nota a empresa fala da inexistência de um recall, pois as baixas vendas não justificam tal investimento.

Nesse sentido, é possível dizer que FullMetal Alchemist não foi trabalhado corretamente, não houve planejamento, isso fica claro nas mudanças que cada box trazia, não houve respeito pelo fã, consumidor e aparentemente não havia conhecimento do material por parte da distribuidora, que provavelmente desconhecia o potencial da série no mercado brasileiro de home vídeo, pois não soube definir um padrão para o produto, de forma que pudesse posicioná-lo corretamente no mercado, pois mesmo com a pirataria caminhando quase que de mãos dadas com o universo dos animês, é possível disponibilizar este tipo de conteúdo no mercado brasileiro com qualidade e preço justo, o que geralmente não acontece, pois cobra-se relativamente caro pelos produtos, sem haver inovação no que é ofertado, além de não existe divulgação alguma com exceção de blogs que assumem no Brasil o papel de “imprensa especializada”. 

José Roberto Henrique Rebouças de Lima.

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